CARTA
ABERTA DO COLETIVO GAÚCHO DE RESIDENTES EM SAÚDE
CAMPANHA
CONTRA AS 60 HORAS SEMANAIS NAS
RESIDÊNCIAS EM SAÚDE
RESIDÊNCIAS EM SAÚDE
O
Coletivo Gaúcho de Residentes em Saúde, que existe há 9 anos, se
constitui como um espaço de organização e de articulação
política das(os) residentes na luta em defesa de programas de
residências em consonância com as premissas da Reforma
Sanitária. Em vistas à isso, vimos publicamente nos posicionar
e denunciar o que vem acontecendo com as Residências em Saúde!
A
Residência em saúde é uma modalidade de pós graduação em
serviço, que serve como educação permanente e continuada dos
trabalhadores e das trabalhadoras da saúde do país. Esta que já
serviu para formar trabalhadores(as) engajados com a militância para
o SUS, hoje cumpre um papel de mão de obra precarizada. Uma das
pautas históricas do movimento dos residentes é a redução da
carga horária, que atualmente é de 60 horas semanais. Esta carga
horária vai na contra mão da luta dos trabalhadores(as) da saúde,
que é de 30 horas semanais.
Acreditamos
que com uma carga horária tão elevada, aliado ao processo de
privatização e mercantilização da saúde (produção de altos
índices e metas quantitativas a serem atingidas) os residentes
acabam servindo de mão de obra, principalmente para as empresas
privadas que prestam serviços para o SUS, que tem por objetivo o
lucro, não se importando com a qualidade do atendimento e com seus
trabalhadores e suas trabalhadoras. A falta de concursos públicos e
o avanço da terceirização, que vem para cumprir um papel de
aumento da exploração (trabalhar mais com menos), trazem como
consequência um déficit muito grande trabalhadores(as) nos serviços
de saúde. Em decorrência desses vínculos empregatícios frágeis
e precários e da falta de trabalhadores(as), é comum os residentes
assumirem o lugar destes, fazendo muitas vezes, o papel de
coordenação de alguns serviços e unidades de saúde. Muitos
residentes, assim como os demais trabalhadores(as) da área, vem
sofrendo e ficando adoecidos com o ritmo intenso de trabalho,
faltando tempo, inclusive, para cuidar de sua própria saúde!
O
Coletivo Gaúcho se posiciona CONTRÁRIO ao cumprimento das 60 horas
semanais. Acreditamos que com 60 horas, a residência nunca será
qualificada! Dentro disso lançamos a CAMPANHA
CONTRAS AS 60H!!!
Convocamos todos os residentes em saúde do Estado à se manifestarem
e denunciarem todas as formas de repressão, assédio, precarização
que vem acontecendo nos serviços de saúde e nos programas de
residências em saúde.
Apesar
de termos deveres de trabalhadores(as) acabamos não tendo nossos
direitos garantidos. Não somos regidos nem pela CLT, nem pelo Regime
Jurídico Único, nem pela legislação dos bolsistas. Estamos no
limbo da legislação, à mercê dos regimentos internos de cada
programa de residência, sendo eles desqualificados ou não. Nem
todos os programas proporcionam aos seus residentes turno diurno de
pesquisa, turno de preceptoria e tutoria, aulas teóricas e dias para
participar de eventos. Quando nós trabalhadores residentes adoecemos
não temos direitos garantidos e precisamos pagar essas horas de
trabalho, ficando a cargo de cada local de trabalho e de cada
residente realizar um acordo interno para que os atestados abonem a
falta.
A
história já nos mostrou, através da luta e das conquistas dos
trabalhadores e das trabalhadoras (como a redução da jornada de
trabalho e as leis trabalhistas) que somente conseguiremos um SUS
público, estatal, de qualidade e ter uma política de formação e
educação permanente em saúde pautada nos princípios da Reforma
Sanitária, com valorização dos usuários e usuárias, dos
trabalhadores e trabalhadoras, e com organização e muita luta!
COLETIVO
GAÚCHO DE RESIDENTES EM SAÚDE - CGRS
residentesrs.blogspot.com -
cgrsaude@gmail.com
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